O Labirinto do Fauno (El Laberinto Del Fauno)
Ano: 2006
Diretor: Guillermo Del Toro
Duração: 118min
Na Espanha Franquista de 1944, apesar de a Guerra Civil já ter acabado, um grupo de rebeldes ainda luta nas montanhas ao norte de Navarro. A pequena Ofelia muda-se para a região com a mãe, que acabou de casar-se com um oficial fascista. Solitária, a menina descobre um labirinto onde vive uma estranha criatura que afirma ela ser princesa de um reino mágico.
Ivana Baquero (1) interpreta de forma encantadora a curiosa e aventureira personagem principal, uma menina à beira da puberdade, que recorre à um mundo fantasioso para escapar da dura realidade da guerra e perda do pai, quando a mãe (Ariadna Gil) (2) resolve se casar novamente e ir morar com o marido.
Presa em um labirinto de angústia e descobertas, ela se depara com um livro mágico, fadas, um fauno que lhe dá três tarefas e uma criatura medonha e sanguinária;
(2)
Além de um padrasto rígido e cruel, vivido por Sergi López (3), que faz um ótimo trabalho em despertar nosso sentimento de ódio pelo Capitão Vidal, obstinado em exterminar os guerrilheiros locais.
(3)
A menina é afastada da mãe, grávida e doente, mas tem como confidente a empregada Mercedes (Maribel Verdú) (4), que cria amizade com Ofelia e arrisca-se para ajudar os rebeldes como informante.
(4)
Além de excelentes atuações, somos maravilhados pela fotografia de Guillermo Navarro e uma extensa equipe de arte, que nos entrega um prato cheio de imagens fantásticas e obscuras com seres caracterizados de forma impressionante. Por fim o ótimo figurino que tem design de Lala Huete dá conta de representar um ambiente de guerra verdadeiramente frio.
O cineasta mexicano declarou que grande parte da estética do filme está relacionado com o sistema reprodutor feminino, como o formato da árvore semelhante à um útero, que a protagonista precisa adentrar para cumprir sua primeira missão.
Fazendo uma análise da simbologia presente na história, percebe-se que muitas das fábulas e objetos mágicos estão conectados ao arquétipo materno e ao sagrado feminino, além de remeter à consciência/inconsciência, vida/morte e ritos de passagem.
Já, o capitão Vidal, por exemplo, representaria o patriarcado, o masculino dominante e opressor, além do titã Cronos, da mitologia grega, que castrou seu pai Urano a pedido de sua mãe Gaia e tem como maldição engolir seus próprios filhos.
Todas as criaturas sobrenaturais aparentemente nasceram da imaginação de um Del Toro criança, que costumava enxergar o Fauno atrás do armário na casa da avó.
A lenda do Fauno surgiu da mitologia romana, que conta sobre um rei do Lácio, que foi transformado em divindade após sua morte, sendo adorado como protetor das matas e campos, sob o nome de Fátuo. Já, os Faunos, seriam criaturas similares aos satíricos gregos, com forma meio humana, meio bode.
O ator Doug Jones interpretou tanto o Fauno como o Homem Pálido, e demorava cerca de cinco horas para encarnar o último.
Sobre uma de suas influências, o diretor afirmou em uma entrevista que o pintor 'Goya era uma referência óbvia [...] Há uma cena em que o Homem Pálido morde a cabeça das fadas. Isso vem diretamente da pintura.
O personagem digno de pesadelos também remete à uma lenda japonesa conhecida como Tenome, um espírito que tem olhos nas mãos e vaga pela Terra à procura de seu assassino; Porém, 'cego' de vingança, ele devora qualquer um que cruze seu caminho.
Mais do que uma fantasia ou drama com fundos de guerra, o longa de Del Toro alça com perspicácia o suspense e o horror, através de criaturas assustadoras e pessoas de caráter tanto quanto, guiando-nos por uma história emocionalmente perturbadora.
"Reza a lenda que há muito, muito tempo, no reino subterrâneo onde não existe mentira nem dor, vivia uma princesa que sonhava com o mundo dos humanos. Sonhava com o céu azul, a brisa suave e o sol brilhante. Um dia, burlando toda a vigilância, a princesa escapou. Uma vez no exterior, a luz do sol a cegou e apagou sua memória e qualquer indício do passado. A princesa esqueceu quem era e de onde veio. Seu corpo sofreu com frio, doenças e dor, e com o passar dos anos, morreu. Entretanto, seu pai, o rei, sabia que a alma da princesa regressaria, talvez em outro corpo, ou outro tempo e lugar, e ele a esperaria até seu último suspiro, até que o mundo deixasse de girar..."
Fonte:
http://medob.blogspot.com.br/
http://oestranhomundodosnerds.blogspot.com.br/
http://portalmirun.blogspot.com.br/
anoitan.wordpress.com
O LABIRINTO DO FAUNO: O PERCURSO MÍTICO DE OFÉLIA, Por Andrea Graupen e Lívia Campello
Lindo filme! Gostei muito das relações com o feminino e masculino que vc expõe. Não entendi bem a relação de Vidal com Cronos. Bom trabalho!
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